terça-feira, 18 de outubro de 2011

A CASA MAL-ASSOMBRADA


Fig.1- Em um belo bosque de eucaliptos havia uma casa grande e velha que estava sempre fechada.
Os moradores mais próximos diziam que era mal-assombrada. À noite, via-se, através das janelas, fantasmas voando pela sala. Barulhos estranhos como gemidos sinistros partiam de um dos cômodos. Falavam que também se via, na escuridão da noite, dois olhos macabros.
Certo dia um grupo de meninos, em férias, resolveu fazer um piquenique no bosque, próximo àquela casa.
Fig. 2- Quase no final do dia, quando já começava a anoitecer, um dos meninos fez, zombeteiro, um desafio.
– Quero ver quem tem  coragem de ir sozinho até a casa mal-assombrada e  enfrentar o monstro e os fantasmas que vivem lá dentro.
Roque, um menino de onze anos, falou calmamente:
– Monstro não existe, nem fantasmas. Os que morrem são espíritos, como nós, apenas sem o corpo físico. Aqueles perigos, portanto, não existem e eu não posso ter medo do que não existe. Vou até lá, observarei se há outros perigos e conforme for, até entro na casa. Volto em seguida.
A turma bateu palmas aprovando a decisão.
Fig. 3- Roque dirigiu-se para o local da casa. Ninguém teve coragem de acompanhá-lo.
Passaram-se muitos minutos e Roque não voltava. Os meninos, preocupados, começaram a sentir remorso de tê-lo deixado ir sozinho... Já estava escuro e precisavam regressar às suas casas.
Resolveram, então, que todos iriam juntos ver o que tinha acontecido ao Roque. Apesar do medo, era dever deles não abandonar o colega.
Fig.4- Com cuidado aproximaram-se da casa e olharam pela fresta de uma  janela. Qual não foi a surpresa!?
Viram Roque alimentando um menino doente, que gemia numa cadeira de rodas. Um dos meninos chamou Roque, baixinho.
Roque correu para a porta, pedindo que todos entrassem. Explicou o que acontecia ali. Estava solucionado o mistério da casa mal-assombrada!
Ali morava um menino deficiente e mudo que vivia numa cadeira de rodas. Seu pai saía muito cedo para o trabalho, em local bem distante e deixava alimento e água junto ao filho. Este sentia, com freqüência, dores pelo corpo e gemia, às vezes, muito alto.
No lado do sol, todos os móveis eram cobertos por lençóis velhos para que o calor intenso não rachasse a madeira nem o verniz. Nas horas em que o vento era mais forte os lençóis  movimentavam-se, o que se podia ver através das vidraças.
Um velho gato era a única companhia do menino doente e à noite, quando seu pai chegava, soltava o animal. Os olhos “macabros” eram do gato, que ficava rondando a casa.
Fig.5- A partir desse dia, o menino doente ganhou amigos, pela primeira vez em sua vida.
Todas as semanas, um deles passava parte do dia com ele, ajudando-o e distraindo-o. O pai de um dos meninos era médico e passou a tratar o doente, que melhorou muito e já não gemia.
Naquela cidade nunca mais se falou com medo em casas mal-assombradas. E graças ao conhecimento, à coragem e à bondade de um menino de apenas onze anos!

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