quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A coragem de Quinzinho


Fig.1- Quando Quinzinho completou quatorze anos, sua mãe sentiu-se muito mal e falou-lhe com ternura:
– Meu filho, sinto que vou morrer... Você ficará só... Mas deverá seguir sempre o caminho do bem. Promete?...
– Sim, mãe, respondeu Quinzinho, sei que Deus permitirá que a senhora continue a proteger-me.
Assim Quinzinho teve de começar a trabalhar cedo. Seus parentes viviam distantes e eram muito pobres. Seguindo a indicação de um senhor amigo, conseguiu empregar-se numa grande fábrica de brinquedos. O gerente, que o atendera com simpatia, perguntou-lhe:
– Tem medo de ficar sozinho?
– Não senhor. Já estou acostumado...
– Então está tudo arrumado. Você poderá dormir numa saleta à entrada do depósito e não lhe faltará comida. Vá buscar suas roupas e hoje mesmo poderá ficar aqui.
Naquela mesma noite Quinzinho armou sua caminha e ali dormiu. No dia seguinte, iniciou o trabalho.
Fig.2- Tudo corria bem. Na fábrica todos estimavam o menino. Um colega chamado José presenteava-o, de vez em quando, com doces e bombons, sempre procurando agradá-lo.
Fig.3- Certa noite de frio, depois de orar, Quinzinho dormiu logo. Acordou, depois de algumas horas, com uma leve batida na porta. Sentando-se na cama, assustado, perguntou:
– Quem bate aí?
– Sou eu, José. Não tenha medo. Abra a porta. Quero falar com você.
O menino reconheceu a voz do colega que lhe dava os doces.
– Não é possível, José. Tenho ordens de não abrir a porta a ninguém durante a noite.
– Então aproxime-se da janela e ouça o que tenho a dizer.
Intrigado, Quinzinho obedeceu a José, que lhe falou em voz baixa:
– Nós podemos ganhar muito dinheiro, Quinzinho, se você me passar pela janela durante a noite algumas dessas caixas de brinquedos. Ninguém dará pela falta. São tantas... Que tal?
Quinzinho sentiu o coração bater forte, mas respondeu com coragem:
– Nunca, José! Sabe que isto é roubar? Se eu fizer isto, o gerente perderá a confiança em mim.
Mas ele não saberá, nem os outros.
– Mas Deus sabe. E isto é o bastante.
José tentou em vão convencer o menino. Então o ameaçou. Estavam os dois sozinhos e a fábrica era isolada. Quinzinho ouviu ainda os insultos de José. Sentia as pernas tremerem. Manteve-se o tempo todo em oração, suplicando a ajuda dos Protetores Espirituais.
Quando tudo voltou ao silêncio, Quinzinho agradeceu a Deus e deitou-se. Pensava, triste: “Era por isso que José se havia mostrado tão meu amigo.”
E voltou a dormir de consciência tranqüila.

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